Nesse mundo tão confuso e contraditório, vasto e
misterioso, provei o desconhecido e adorei. Este que num momento nos impulsiona a
sermos quem somos,critica-nos por isso. Existem aqueles me continuam
firmes em seus ideais, continuam firmes em seguirem a estrada que os levará a
encontrar eles mesmos, mas existem aqueles que se deixam levar por ser o que
alguém nos impõe que sejamos.
Ainda me lembro da primeira vez que nos vimos. Foi algo
assustador, como se já me esperasse e como se o ‘’ Oi, meu nome é... ’’ não
fosse necessário. Como você me dizia sempre, meus olhos sempre foram profundos
e sempre me entregaram. Que apenas os que conseguissem perceber isso, não se
assustariam com meu escudo e coração fechado. Esses saberiam como chegar ao meu
coração. Mas será que saberiam como ficar?
Não sei se isso faz parte desse meu escudo, mas sou tão
contraditória. Já me disseram que sou um mistério e temo que minha mente saiba
como confundir o mais sábio de todo universo.
Tenho a estranha mania de ter dificuldade em confiar naqueles que
merecem e confiar em quem eu não deveria sequer conversar. Você foi um desses,
mas pela primeira vez não me arrependo de ter te deixado meu tirar daquele bar
e me fazer abandonar meu drink favorito e que sentados na areia do mar contei
meus mais secretos segredos. Para um
estranho, admito que você conseguiu despertar algo em mim rápido demais.
Lembro que mais falei do que ouvi, mas o pouco que ouvi foi
o bastante para perceber que éramos bastante parecidos, não apenas por
gostarmos dos mesmos escritores e bandas, ou por gostarmos dos mesmos tipos de
bares, estranhos e bebidas ou por nossa paixão por – permita-me o pleonasmo-
nos aventurarmos no desconhecido. Não é só por tudo isso, mas por sermos
atormentados pelos mesmos fantasmas.
Ficar acordada com você por toda madrugada falando sobre
tudo, não foi preciso nenhum esforço. Você me contou naquela noite que não
dorme há bastante tempo e como se já tivesse lido minha mente, ou olhos, foi
pretensioso o bastante para dizer que o mesmo acontecia comigo e como uma
perfeita parte de mim, só que mais corajosa pra admitir, acertou. Cada palavra
que você disse naquela noite era como se fosse algo vindo diretamente de mim,
você era minha inconsciência. Uma inconsciência tão bonita e sedutora, se você
não fosse uma parte de mim, acho que ficaria tentada a beijá-lo.
Em meio a tantas coisas ditas e desabafadas a
hora de ir chegava junto ao sol que começava a nascer naquele horizonte
perfeito, mas nenhum de nós estava preparado para ir. Mas era preciso. Lembro
que no meio da madrugada, enquanto terminamos nossa segunda garrafa daquele
uísque que já descia com certa facilidade, iniciamos uma discussão sobre
destino. Ambos acreditamos que se algo deveria acontecer, aconteceria
independente de tudo.
E agora, horas depois já indo em direção à calçada
decidimos nos colocar a prova do destino,mais uma vez. Ambos saberíamos quando chegasse à
hora de nos encontrarmos, e quando esse momento chegasse saberíamos onde o
outro estaria. E antes que eu pudesse dizer algo, você me beijou. Foi um beijo
demorado, compreensivo e sabiamente feroz. Com seu término, lembro de cada
palavra como se fossem ditas agora. ‘’
Quando precisar me encontrar antes da hora, olhe para o espelho, mas olhe no
fundo de seus olhos e me verá. ’’ Não me permitindo dizer nada, fechou meus
olhos e quando voltei a abri-los não o vi mais. Você tinha partido para um
lugar tão longe e tão perto. Foi para o lugar certo. Voltou para dentro de mim.
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